História da Matemática nos Currículos.
Há muitas décadas autores de livros didáticos de matemática têm produzido materiais didáticos com intenção de aumentar o interesse dos estudantes. Isso ocorre desde 1930, quando a preocupação com a introdução de elementos da história da matemática na matemática escolar foi manifestada por lei.
Um dos recursos utilizados pela maioria dos autores é a introdução de problemas clássicos da matemática e fatos biográficos curiosos que marcaram a história da matemática. Alguns exemplos desse tipo de manifestação da história da matemática são citações do livro Os Elementos, de Euclides, o diálogo Menon de Platão referente a duplicação da área do quadrado, a dedução da fórmula para resolver equações do segundo grau feita por Bháskara.
Apesar dessa fórmula apresentar uma maneira mais atual e poderosa de ser deduzida, são poucos os livros que comparam o método árabe (método de completar quadrados) com o método de Viéte (que utiliza um recurso algébrico x = y + h). Este último muito mais abrangente do que o tradicional método proposto por Bháskara.
Talvez seja interessante deduzir a fórmula de Bháskara utilizando o método de Viéte. Na realidade, nem gregos, nem hindus nem árabe chegaram a conceber a equação do segundo grau na forma genérica como a conhecemos atualmente.
Nos currículos impostos aos professores, encontramos implicitamente uma preocupação em preservar certos métodos históricos ou certas percepções que foram historicamente produzidas e culminaram em descobertas fundamentais para entender a matemática de hoje.
A presença da história da matemática em certas unidades ou tópicos contribui para o entendimento da matemática. Mesmo assim, o ensino da matemática acompanhando sua evolução histórica, não garante uma aprendizagem efetiva. Em outras palavras, abordar a história da matemática é necessária, mas não suficiente para uma aprendizagem significativa.
História da Matemática nas Aulas.
No final da década de 1980 intensificaram-se as críticas ao movimento pedagógico predominante na época chamado Movimento da Matemática Moderna. Esse movimento é caracterizado por desenvolver a matemática escolar orientada pela lógica, pelos conjuntos, pelas relações, pelas estruturas matemática e pela axiomização.
A história da matemática bem como os exercícios de natureza histórica são recomendados para contextualizar, facilitar, orientar e ajudar o entendimento de assuntos e/ou solução de problemas históricos da matemática ou aplicações desses mesmos problemas históricos. Para que sejam úteis, precisam ser introduzidos em um momento adequado dentro da sequência de exercícios apresentadas pelo livro. Caso contrário esse recurso pode dificultar, ou até mesmo impedir, o entendimento do que se pretende ensinar.
Encontramos na história da matemática a compreensão do significado de certos tópicos que são ensinados de maneira algorítmica e descontextualizada. Isso pode ser confrontado com a queixa de vários estudantes sobre a falta de significado do que lhes é ensinado.
A história da matemática também pode ser usada para desenvolver conteúdos a partir de problemas históricos. Dessa forma é possível entender o processo responsável pela solução original e seus consequentes desdobramentos até os dias atuais.
Comentários pontuais e curiosidades matemáticas também podem influenciar positivamente a classe e despertar admiração pelas ideias e sacadas geniais dos nossos antepassados estudiosos.
No século I a.C. o manuscrito chinês Jiu Zhang Shuanshu já registrava a forma circular como a melhor para se construir a muralha de uma fortaleza. Milênios antes os egípcios utilizavam frações para construir barcos e controlar as safras. No mesmo período, os sumérios iniciavam a contagem do tempo dividindo-o em ordens de 60 em 60 (sistema hexadecimal). Hoje, encontramos essa mesma divisão na equivalência entre 1 minuto e 60 segundos.
Você já parou para pensar porquê o tempo não é totalmente registrado utilizando ordens de 10 em 10?
Fonte Bibliográfica.
MIGUEL, A.; MIORIM, M. A. História na Educação Matemática, propostas e desafios. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2011.
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